SALUT, FRANÇA! Vida nova e armário enxuto
Publicado em 12/11/2021 - 14:53 Por Letícia BragaFaz pouco mais de duas semanas que cheguei de “mala e cuia” pra passar o próximo ano na França.
Um sonho antigo que virou realidade em meio a uma pandemia e muitas incertezas.
Tive apenas alguns meses de planejamento até a decisão. E desde o primeiro momento em que abracei essa oportunidade, percebi que mudar de país, antes de tudo, significa “abrir mão” de muitas, muitas coisas mesmo.
Primeiro, abri mão da minha zona de conforto; depois, do convívio físico entre meus familiares e amigos; abri mão de uma rotina de trabalho após 10 anos na mesma empresa; temporariamente, abri mão da minha profissão. Abri mão da casa com varanda e jardim; da minha cidade natal, que é a mesma morada desde que nasci; do meu estado, Minas Gerais. Abri mão da língua materna e de repartir da cultura do meu país com meus iguais...
A lista seguiria, porque é extensa. Mas não quero que achem que “abrir mão” é, para mim, motivo de queixa. Seria até o contrário, se não fosse mesmo tão doloroso quanto libertador.
Vou explicar !!! (e, agora, fazendo jus ao tema dessa coluna, me valer dele para costurar com vocês mais essa parte da minha história de afeto com a moda).
VIDA NOVA, ARMÁRIO ENXUTO
Acontece que, dentre as coisas das quais “abri mão”, está lá quase a totalidade do meu guarda-roupas. Vim para o velho mundo com uma mala de 23kg e... SÓ. Dentro dela: dois tênis, uma bota, dois jeans, quatro casacos, alguns poucos vestidos, calças e blusas... deu também pra encaixar alguns lenços, gorros, uma roupa de cama e toalha.
A maior parte do que ficou no Brasil eu doei. E uma caixa com peças mais afetivas está guardada com a minha mãe. Achei que seria bem mais difícil do que realmente foi me desfazer dessas roupas. E aqui, as vezes me pego pensando que deveria ter trazido “isso” ou “aquilo”, “porque está me fazendo uma falta danada”. Mas a verdade é que não está.
E, desde que cheguei aqui, também não comprei absolutamente nada novo. Primeiro, porque ainda não precisei; e segundo, porque minha situação atual e o preço do euro não me permitem esse bel prazer. Tenho uma lista mental, muito voltada para algumas peças de frio que acho que vão ser necessárias quando o inverno pegar. É que gastar passou a ser por necessidade e não vontade. Porque vontade eu tenho, claro! Vejo vitrines maravilhosas e sonho com itens que acho que usaria muito e ficaria linda! Mas... como me sinto sem eles? De verdade?! ÓTIMA.
Acontece que venho percebendo que << não comprar >> não me faz uma pessoa menos envolvida com a moda. Pelo contrário, me sinto mais criativa e autêntica desde que cheguei aqui. Ao passo que, “abrir mão” de um armário lotado (e eu nem achava que o meu era tão cheio assim antes de me mudar) tem lá seu ponto positivo.
Hoje, tudo o que eu tenho pra vestir cabe bem em quatro cabides e três prateleiras da estante que divido com meu marido. Sei que, de pouco em pouco, vou me permitir comprar algo novo. Mas agora eu só consigo pensar que só vale o investimento caso faça TODO sentido pra mim e me permita ser versátil com as peças que já tenho.
De toda essa história volto à reflexão inicial deste texto tão pessoal. Lá eu dizia que a escolha de “abrir mão” de qualquer coisa é tão dolorida quanto libertadora. E sabe, também é bonita... Aquela beleza de despir-se totalmente primeiro para só então vestir-se outra vez.
As roupas podem ser as mesmas, mas você então enxerga cada uma de forma diferente.
Vale pras roupas e também vale pra vida =)
Gostou das minhas primeiras fotos e looks na França? Me conta aqui nos comentários ^^
Até breve, manas <3
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