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Quando O Brasil Teve Dois Carnavais No Mesmo Ano
Publicado em 12/02/2021 - 20:08 Por Vanessa Carlos - Artigo editado em 26/02/2021 - 21:50
O que estamos vivendo é histórico: o não carnaval. Não é unânime, cada estado do Brasil decide sobre o feriado e a realização de festas e se a gente resgatar na memória, o que estamos vivendo parecia impossível.

Lembra? Vamos longe... Carnavais em bailes, bloquinhos nas ruas, marchinhas, desfiles de escolas, fantasias, filhos maquiados, primos viajando, reunião no rancho, na praça, e aí vai...
Carnaval nunca foi só festa, além do investimento financeiro de prefeituras e patrocinadores, da farra de uma grande parte e da paixão tradicional daqueles se encaixam no termo "carnaval de resistência", carnaval é também expectativa.
Eu lembro no início da década de 90 quando a Globo lançava a vinheta Globeleza e eu corria pra frente da TV pra ver o que o Hans Donner tinha inventado para que a Valéria Valenssa parecesse mais tecnológica.
Anos depois, a minha expectativa era pra chegada das camisetas Globeleza na redação no jornalismo para mais uma cobertura da festa no interior de Minas Gerais. Sempre foi um luxo vestir uma delas. Significa fazer parte de um grupo que conta a história. Aliás, o primeiro registro do jornalismo da Globo é do Carnaval do Rio de Janeiro, em 1965. A emissora não tinha sido nem inaugurada, mas as equipes estavam nas ruas fazendo o registro.
Foto: Arquivo Histórico / Memória Globo
O curioso é que gente nem sabe, mas esta não é a primeira vez que o Carnaval passa por uma grande transformação do Brasil. Em 1892 e em 1912 as festas foram adiadas. Primeiro porque o ministro do interior decidiu mudar a data para junho por causa do lixo gerado pelo evento (isso também não mudou). Para ele, junho era um mês “mais saudável” do que fevereiro. Depois, em 1912, devido a morte do ministro das Relações Exteriores, conhecido como Barão do Rio Branco, uma semana antes do Carnaval. A festa foi pra junho. E o que o brasileiro fez nas duas vezes? Comemorou, festejou e aproveitou em dobro.

Foto: Liga-SP/Divulgação
Eventos oficiais estão suspensos em 2021, mas a festa está nos brasileiros. De alguma maneira ela já está acontecendo, clandestinamente ou de forma moderada. Que em 2022 a gente possa se embalar na marchinha e cantar:
"Este ano não vai ser,
Igual aquele que passou,
Eu não brinquei,
Você também não brincou,
Aquela fantasia,
Que eu comprei ficou guardada,
E a sua também, ficou pendurada"
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