Colunistas
Folia De Reis: Tradição Silenciada
Publicado em 07/01/2021 - 20:35 Por Vanessa Carlos - Artigo editado em 14/01/2021 - 21:46
Grupos de Folias de Reis não saem às ruas. A maioria dos integrantes faz parte do grupo de risco para o Coronavírus.

Imagine uma gente cheia de fé e tradição, uniformizada, seguindo em cortejo, percorrendo casas e cantando aquela música inconfundível que se arrasta num agudo até o último fôlego.
A música de uma Folia é um diálogo sacro, católico e cultural... Ela é elemento de um conjunto de atos com cronograma, hierarquia, respeito e religiosidade. É folclore.
Festa de Reis tem som, tem cor e tem cheiro de comida boa, farta e com o tempero da tradição.
Na teoria, são 1.255 grupos em Minas Gerais e na prática, mais de 4 mil. Folia de Reis é Patrimônio Imaterial de Minas Gerais (desde 2017).
Onde tem uma folia, tem um bisavô, um avô, um pai, um neto, um sobrinho, as mulheres, um bando de criança que nem sabe o que está fazendo ali (mas vai aprender um dia) e mais um alguém curioso que acha aquilo tudo muito rico e quer participar também. Folia é encontro do povo daqui com os companheiros de lá de outra terra.
Folia que para se manter firme por mais de 300 anos em Minas teve que compartilhar. O tom certo da melodia foi ensinado e o recomeçar a cada ano também!
Que antagônico! A receita da tradição agora depende da mudança. Pandemia. O tempero da folia tem gosto de silêncio e o compasso é de espera. Os mestres estão guardados, os instrumentos estão parados. O que não muda é o exercício da fé, sem encontro ou aglomeração.
"Aqui tá muito triste com essa doença. A gente tem fé que santos reis vai abençoar que essa doença vai embora e nós continua fazendo as nossas grandes festas de reis".
José Humberto Xavier - presidente da Associação das Folias de Reis de Uberlândia.

Visita do grupo Estrela do Oriente (Planalto) ao MGTV 1ª edição - TV
Reprodução MGTV - 2018
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