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SAUDADE DE MIM
Publicado em 17/06/2021 - 10:32 Por Hugueney Bisneto" O Estádio do Maracanã foi inaugurado em 1950 e foi considerado o maior Estádio do mundo,
por esse motivo foi também escolhido para sediar a Copa daquele ano.
Como eu era uma jovem de 16 anos, fiquei louca para assistir os jogos que seriam realizados ali.
Resolvi com um grupo de amigas e meus irmãos que assistiríamos todos os jogos do Brasil realizados naquele Estádio.
Assim fizemos e cada jogo íamos em grupo para torcer pelo nossa seleção que estava ganhando todas.
Foi a maior alegria quando o Brasil ficou para a semifinal e depois para a final.
No dia do Último jogo que era Brasil e Uruguai o Brasil podia empatar que seria o Campeão do Mundo.
Nós combinamos, então de irmos uniformizados com as cores verde e amarelo para dar força aos nossos jogadores e assim levantarmos a Taça Jules Rimet.
O jogo seria às 17 horas, mas como, provavelmente o Estádio ficaria lotado, preparamos lanche para todos e fomos às 9 horas da manhã para pegarmos bons lugares nas arquibancadas e assistirmos o jogo com uma visão privilegiada.
Ao chegarmos ao Estádio a entrada era uma verdadeira festa.
Bandeiras para todos os lados e na entrada já havia muitos carros alegóricos com as faixas de “É Campeão” “Viva o Brasil Campeão” e muitas outras.
Havia também inúmeros batuques que animavam todos os torcedores que ali chegavam.
Era uma verdadeira festa.
As horas passavam e o Estádio ia enchendo que não cabia mais ninguém.
Naquele dia o número de torcedores foi de 200.000 pessoas.
O Estádio estava lindo!
Bem, chegou a hora do jogo.
Nossos corações pareciam explodir no peito tamanha era a emoção.
Ouviram-se os dois hinos e o jogo começou.
Tudo correndo muito bem quando o Brasil fez o primeiro gol.
Foi uma verdadeira apoteose, parecia que todos os foguetes do mundo estavam ali.
O jogo continuou de repente um gol do Uruguai.
Foi um oh!
De espanto, mas vamos continuar o Brasil ainda poderia ser campeão com o empate.
Já terminando o jogo acontece um “córner” contra o Brasil e um jogador chuta a bola que vai para os pés de Gigia que segura a bola com os pés e chuta.
O Estádio em peso faz silencio e morde as unhas, pois depois disto o juiz apitará o fim do jogo.
O apito soa para o chute e qual é a surpresa de todos que assistem ao jogo, no Estádio e pelo rádio (não tinha TV.) a bola entra e Barbosa, o goleiro, não pega e o Uruguai faz o Gol.
O que vi é indescritível!
A decepção, a tristeza, o desalento toma conta de todos que ali estão.
Ainda pude ver a alegria dos jogadores uruguaios, mas o que mais me impressionou foi o silencio sepulcral que tomou conta daquele Estádio.
Ao sairmos só ouvíamos o barulho do arrastar de pés e quase todos chorando. Foi triste.
Não havia mais nenhum carro alegórico e nem faixa.
O silencio era mortal.
Voltei para casa decepcionada e nunca mais quis assistir a nenhuma Copa.
Esta ficou na minha memória e jamais esquecerei ".
Cleusa Guerreiro Hugueney.
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Minha mãe, que além desta maravilha, também era minha melhor amiga.
Bailarina em estudos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, jogava vôlei na rua 18 de Outubro na Tijuca e era jornalista,
reporter do jornal “Última Hora” do grande Samuel Werner que namorava Danuza Leão e o casal parava o Rio.
Danuza Leão e Samuel Weiner
Fui neste Maracanã que cabia 200 mil pessoas ainda criança nos anos 70 (o Brasil tinha acabado de ganhar a Copa do Mundo no México com aquela Seleção de Ouro)
- então o futebol fervia no País e no mundo inteiro.
Meu pai me levou para assistir um clássico do FLA X FLU.
Ficamos do lado Pó de Arroz pois até carteira do clube em Laranjeiras eu tinha.
Minha mãe era flamenguista.
E aquela tarde noite no maior estádio do mundo foi mágica.
Maracanaço é o termo usado em referência à partida que decidiu a Copa do Mundo de Futebol de 1950 a favor da Seleção Uruguaia de Futebol,
deixando desolados os brasileiros (a maioria famílias cariocas)
No tricampeonato em 1970 eu tinha 9 anos e me lembro perfeitamente de todos os jogadores, dos jogos e depois a vida me fez conhecer Pelé.
Achei esta crônica de minha mãe que ela escreveu na revista Cult e quis replicar e dividir aqui com vocês.
Cleusa Guerreiro Hugueney
Eu sabia desta história desde criança até mesmo da cobertura da missa de corpo presente de Carmem Miranda,
que minha mãe foi a repórter escalada e quando o corpo da bombshell portuguesa brasileira chegou de Hollywood no Rio,
ao abrir o caixão ela estava lindíssima, toda taxidermizada
e super maquiada (obviamente sem turbante nem frutas na cabeça) mas estava bela bem no estilo american way.
O padre não quis rezar a missa e mandou lavar o rosto dela e só então
deu a benção e foi enterrada no Cemitério São João Batista em Botafogo.
Jazigo de Carmen Miranda
Mas isso é outra história.
Saudade de tudo, de todos.
Saudade de mim.
Carlos Hugueney Bisneto