Caro leitor, vamos continuar conhecendo o Boletim Focus (parte 2)!
Publicado em 28/07/2021 - 18:42 Por Fernando Agra
Conforme prometido no nosso artigo imediatamente anterior, vamos dar sequência para conhecermos um pouco mais das variáveis macroeconômicas disponibilizadas, semanalmente, no Boletim Focus, pelo Banco Central do Brasil (https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus).
Além do IPCA, que analisamos no artigo imediatamente anterior, outro índice de inflação apresentado é o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Esse índice é muito utilizado nos reajustes de contratos, como os de aluguéis, por exemplo. A expectativa dessa semana é que este índice feche o ano de 2021 com alta de 19% em relação a 2020. Percentual bastante superior em relação ao IPCA, cuja estimativa mais recente é de que encerre este ano com aumento de 6,56%. Tanto é que está havendo acordos, entre proprietários e inquilinos, nas renovações de contratos de aluguéis, buscando substituir os reajustes indexados pelo do IGP-M pela correção através do IPCA, até porque o atual momento ainda é muito delicado dos pontos de vista sanitários e econômicos e as negociações são interessantes (para ambas as partes) de modo que se evitem vacâncias e inadimplências, desnecessariamente.
Outra variável macroeconômica analisada é a Balança Comercial, que mensura as exportações e a importações de bens do país. Quando as exportações são superiores às importações o país possui um superávit comercial, enquanto o contrário representa um déficit comercial. Essa variável faz parte da conta de Transações Comerciais, do Balanço de Pagamentos do país. As estimativas dessa semana apontam para um superávit de R$ 69,70 bilhões. Esse superávit é explicado, em parte, pela taxa de câmbio depreciada (Dólar alto em relação ao Real), que aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional (tornando os nossos produtos relativamente mais baratos no mercado externo) e com isso há um estímulo às nossas exportações. Além disso, a China tem aumentado a procura pelos nossos produtos. Tudo isso tem, como efeito colateral, a diminuição da oferta no mercado interno e por consequência, estamos pagando mais caro pela carne de boi, pelo óleo de soja, pelos combustíveis etc.
E para encerrarmos nossas análises, outras variáveis apresentadas estão relacionadas aos resultados das contas públicas. A estimativa do resultado primário (receitas menos despesas do governo, exceto despesas com juros da dívida pública) é de um déficit de 2% do PIB; enquanto do resultado nominal (este inclui as despesas com os juros da dívida pública), esse déficit deve chegar 6,4% do PIB. É uma situação bastante crítica para os cofres públicos, pois o agravamento da pandemia ao longo desse ano desaqueceu a atividade econômica, que diminuiu a arrecadação tributária, além do aumento dos gastos do governo que têm crescido. E para agravar ainda mais, as recentes altas de Selic aumentam os gastos com o pagamento de juros da dívida pública.
Enfim, caro leitor, é importante entendermos, pelo menos um pouco como essas variáveis macroeconômicas afetam o nosso dia a dia, para que possamos tomar melhores decisões. Abraços e até o próximo artigo.