Gaiola Invisível
Publicado em 23/11/2020 - 11:53 Por Dra. Gabriela Lein - Artigo editado em 23/11/2020 - 12:05
A música da Simone já começou a ecoar, com a mesma pergunta.
“Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina e começa outra vez”
É assim todos os anos. Não m alguns indivíduos essas frases angustiam, principalmente aqueles que se sentem em dívida ou insatisfeitos com a vida que levam ou levaram.
Com frequência vemos nas redes sociais descrito em legendas “tá pago”, a questão não é o quanto de atividade física ou com que frequência, você fez. Mas o questionamento que quero levantar é em déficit com quem você está? Quem é este que te cobra?
Se você não sabe de onde vem a pergunta, a culpa chega pelo sentimento de inadequação.
Agora se não deve, não há o que pagar. Se não sente culpa, não tem com o que haver. A questão é exatamente neste ponto: Quem te cobra?
Achei assim, pertinente lembrarmos que o ano começa quando você determina. É possível ano novo em setembro, invernos em fevereiro e uma verdadeira primavera em pleno outono. Metáforas a parte, não são necessários ritos simbólicos para sua vida mudar. Você não precisa da passagem de ano para novas oportunidades, nem do carnaval agendado para começar a se exercitar. Não adianta mudar de século, se não há novos questionamentos a sintomas antigos.
Quando não sabemos a origem de determinado sentimento, somos tomados por ele. A resposta inversa disso é querer saber de suas questões para não se limitar em gaiolas invisíveis. Criadas por você mesmo. Expressão interessante, que descrevi enquanto usava uma. Gaiolas invisíveis são grades que usamos, em nome da angústia paralisante, do medo de ser livre, marcando o desejo no âmbito do impossível. Por mais fantasiosas que sejam, grades estão aí para barrar e impedir, mas não podemos negar uma sensação de segurança. Limitando a movimentação. Sem riscos, mas também sem possibilidades. Tudo que trás garantias, limita.
Queira saber das suas questões, assim consegue ter posicionamento na vida de acordo com o seu desejo. A gente encontra sentido no posicionamento, ele é mais importante que a própria morte. Privar a vida de sentido nos leva a morte.
E quando a Simone cantar novamente, você não se sentirá cobrado ou culpado, por estar vivendo de acordo com as suas possibilidades. Tornou-se quem és.
Gabriela Lein
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