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Marta é Rainha, mesmo sem a bola nos pés
Publicado em 02/08/2021 - 12:06 Por Bruno RibeiroGalera do Breja, Buteco e Bola, vou pedir licença a vocês para fazer um brinde à Marta. Ela, que pode estar se despedindo da Seleção depois da eliminação nas Olimpíadas.
O talento da melhor jogadora do mundo há algum tempo e uma das maiores da história do futebol já justificaria que erguêssemos várias vezes nossos copos de cerveja, uísque, refrigerante ou outros líquidos desconhecidos em reverência à nossa Rainha.
Marta é genial, mesmo sem a bola nos pés
O papo começa pela liderança dela, que não é una liderança pura e simplesmente técnica. Marta é uma líder nata, e as atitudes da atleta dão o tom do porquê ela é tão respeitada.
Dentro da seleção brasileira, tem autonomia, critica quem tem que criticar publicamente, de forma respeitosa, com a mesma eloquência que cobra melhorias para a modalidade.
Desde 2018, a camisa 10 da seleção brasileira não veste ou calça nenhuma marca. Esse é um desdobramento do movimento "Go Equal", que busca igualdade de condições de trabalho e pagamento para homens e mulheres no esporte.
Marta e outras atletas de alto rendimento entendem que o valor oferecido a elas é extremamente desigual em relação ao recebido pelos homens e não condiz com a importância que as jogadoras têm para o futebol.
Na véspera dos Jogos de Tóquio, fechou um acordo com uma empresa de aviação, mas com objetivo de ser embaixadora global da diversidade e inclusão da companhia. Ela já é embaixadora da ONU.
A humildade dela também chama atenção. Essa característica, difícil de ser encontrada não só no futebol, mas na vida, aparece de forma recorrente no discursos e nas ações da jogadora de 35 anos.
Cobradora oficial de pênaltis do Brasil, ela deixou Andressa ir para a marca da cal na estreia dos Jogos Olímpicos de Tóquio, na goleada sobre a China por 5 a 0. A mesma Andressa, que sequer foi convocada na lista original de Pia Sundhage para as Olimpíadas e que depois foi chamada por conta do aumento do número de atletas permitido para a disputa.
"Ah, mas a goleada já estava construída e o jogo definido", pode dizer alguém para minimzar o gesto. Paciência.
Martinha não para por aí.
Em meio a um mundo ainda machista, homofóbico e intolerante, ela demonstra outro atributo que não é fácil, mas é preciso ter, principalmente nos dias de hoje.
A coragem.
A coragem de dedicar um dos gols diante das chinesas à noiva, Toni Pressley, companheira de time no Orlando Pride e na vida
A coragem de ir contra o preconceito
A coragem de falar aquilo que deveria ser encarado com normalidade e ainda é visto como tabu, como estranho, como errado.
Martinha coloca a cara para bater. Tem representatividade para levantar qualquer bandeira. E ela levanta.
Martinha e milhões outras pessoas dão essas lições no dia a dia, no esporte e na vida.
Marta é coragem, carisma, luta.
E Marta é gol!
Mesmo que você não permaneça na Seleção para o próximo ciclo olímpico, seguirá sendo a Rainha Marta.